domingo, 4 de março de 2012

Flores

            A medicina e outras ciências há muito estudam o complexo Ser Feminino. Na vertente governamental, várias políticas públicas têm sido desenvolvidas para (re)afirmar a função e o local sociais da mulher. No entanto, nos setores sentimental e interpessoal na relação Homem-Mulher, muitos indivíduos do sexo masculino ainda criam “machismos” que, em última análise, constituem-se em medidas desesperadas de se autoafirmarem masculinos. O resultado disso é o alimento à Violência Contra as Mulheres.
            Nunca foi opção aceitar (ou não) a condição natural da mulher como ser social e que, como qualquer outro, tem seu espaço definido – nem por isso menos valioso – na sociedade. Na verdade, qualquer ser social, inerentemente, tem o direito de se autodeterminar ante os diversos componentes de uma instituição, seja a família, a comunidade, a religião ou a política. E, para fazer valer esse direito, de uma lado, as mulheres se promoveram desde as líderes espartanas, passando pelos movimentos feministas e culminando com o abarque às áreas científicas, culturais, econômicas e governamentais da atualidade; de outro, homens sensatos apoiaram o florescimento das mulheres durante os diversos momentos históricos. Mesmo assim, o percurso da “violência às flores” foi bastante marcante. E, como a maioria das datas comemorativas, muita discriminação e muita violência foram necessárias para que o resultado tomasse proporção tal que fosse indispensável o seu reconhecimento:
            - Em 1857, 129 mulheres foram trancadas e queimadas vivas por reivindicarem melhores condições de trabalho (redução da jornada de trabalho de 16 para 12 horas e reajuste salarial) na fábrica Cotton em Nova Iorque;
            - Em 1917, operárias russas deixaram as fábricas e saíram às ruas, atraindo a massa popular a tal ponto que o incidente deu início a Revolução Russa que derrubou o regime czarista em 23 de fevereiro no calendário russo, data que, no calendário ocidental-gregoriano, coincide com o 8 de março. Então, em 1921, a Conferência Internacional das Mulheres Comunistas propôs essa data como o Dia Internacional da Mulher;
            - Em 1922, determinou-se que o dia 8 de março seria, oficialmente, o Dia Internacional da Mulher;
            - Em 2009, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher foi dedicado ao dia 25 de novembro.

Quanto à violência contra a mulher, são definidos quatro tipos principais:
            - Física: Qualquer tipo de agressão que afete de alguma maneira o bom estado biofisiológico de qualquer parte do corpo feminino;
            - Sexual: Qualquer ato lascivo que possa culminar com ato sexual sem a vontade da mulher como, por exemplo, o estupro ou a sua tentativa;
            - Psicológica: Qualquer coação que desestabilize a integridade da autodeterminação da mulher – seja por ameaças, seja por chantagens;
            - Patrimonial: Qualquer dano causado (geralmente em situações de separação) à bem material – arquivos pessoais, roupas, acessórios, carro, casa e outros – de propriedade da mulher.

De acordo com o Banco Mundial e com a Organização Mundial da Saúde:
            - Cerca de 70% das mulheres sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida;
            - As mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de sofrer estupro e violência doméstica do que de câncer, acidentes de carro, guerra e malária;
            - Estima-se que 2 milhões de meninas por ano estão sob a ameaça de sofrer mutilação genital;
            - A porcentagem de mulheres submetidas à violência sexual por um parceiro íntimo varia de 6% no Japão a 59% na Etiópia;
            - Metade de todas as mulheres vítimas de homicídio é morta pelo marido ou parceiro, atual ou anterior;
            - As mulheres jovens são particularmente vulneráveis ao sexo forçado e cada vez mais são infectadas com o HIV/AIDS. Mais da metade das novas infecções por HIV em todo o mundo ocorrem entre os jovens de 15 a 24 anos, e mais de 60% dos jovens infectados com o vírus nessa faixa etária são mulheres;
            - Entre 500 mil e 2 milhões de pessoas são traficadas anualmente em situações incluindo prostituição, mão de obra forçada, escravidão ou servidão, segundo estimativas. Mulheres e meninas respondem por cerca de 80% das vítimas detectadas;
            - Os custos da violência contra as mulheres são extremamente altos. Compreendem os custos diretos de serviços para o tratamento e apoio às mulheres vítimas de abuso e seus filhos, e para levar os culpados à justiça. Os custos indiretos incluem a perda de emprego e de produtividade, além dos custos em termos de dor e sofrimento humano.

Soluções para diminuir os casos de violência contra a mulher:
            - Investir em políticas de igualdade de gênero e na Atenção Primária à Saúde/Saúde Preventiva;
            - Promover a Educação em Saúde nas escolas e universidades sobre a saúde da mulher e (por que não?) do homem;
            - Campanhas de desenvolvimento da educação paterna e materna;
            - Reavaliar a real qualidade e contribuição cultural de certos conteúdos culturais que denigrem a imagem da mulher ou promovem a disputa não saudável entre os gêneros;
            - Reavaliar os padrões de beleza disseminados pela propaganda midiática que visam mais questões capitalistas do que propriamente o bem estar físico;
            - Aplicar as leis e, se necessário, reformulá-las de modo mais austero e competente, respectivamente;
            - Conscientização das mulheres sobre o direito do respeito e do bom trato que todo ser humano detém;
            - Conscientização dos homens sobre o dever de respeitar as vontades das mulheres na vida sócio-econômica e os interesses delas sobre trabalho, mercado, cultura, lazer, sexo e privacidade.

Diante disso:
            É importante salientar que a mulher é um ser tão nobre por ser capaz de realizar multitarefas e ainda assim dedicar um tempo precioso ao seu companheiro e a sua família; é capaz – diferentemente dos “machistas” – de observar os mínimos detalhes cotidianos do sexo oposto e neles identificar o princípio da vida como algo divinamente humano e não separatista. Se em Gênesis 1.26,27, as Flores são especiais "...pois a dignidade da mulher não depende de cultura, religião ou raça, e sim no fato dela ter sido criada a imagem e semelhança de Deus..."; em “Meu Amor” de Chico Buarque de Holanda, “Meu corpo é testemunha do bem que ele (o homem) me faz”.
            Mulheres, sabemos que alguns de nós homens não temos sido muito bem comportados, mas, agradecemos por seus esforços, empenhos, trabalhos, respeito, companheirismo e carinho que têm mudado para melhor o nosso modo masculino de ser desde a época de Adão aos dias de hoje. Parabéns.

Fontes:
            http://www.endvawnow.org/en/modules/view/14-programming-essentials-monitoring-evaluation.html#13


Por Everton Farias - 2M - Coordenador de Comunicação, Eventos, Esportes e Cultura.

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