Biografia de Ulysses Pernambucano


ULYSSES PERNAMBUCANO DE MELO SOBRINHO

UM DOS PIONEIROS DA PSICOLOGIA BRASILEIRA

Análise de fatos de sua vida
Roque Theophilo
Ulysses Pernambucano de Melo Sobrinho, natural de Recife, PE, nasceu em 6 de fevereiro de 1892 e faleceu no Rio de Janeiro em 5 de dezembro de 1943.
Formou-se em Medicina no Rio de Janeiro em 1912, exercendo a clínica geral na cidade de Lapa, PR e em Vitória de Santo Antão, PE.
Iniciou em 1917 sua atividade em psiquiatria quando foi nomeado para o Asylo da Tamarineira e de 1931 a 1935 ocupou a sua direção
Em 1925 funda no Recife o Instituto de Seleção e Orientação Profissional de Pernambuco,
A carreira de Ulysses Pernambucano não se restringiu a Medicina, tendo exercido o magistério na Escola Normal e do Ginásio Pernambucano.
Em 1918 prestou concurso para Cátedra de Psicologia e Pedologia (estudo natural e integral da criança, sob o aspecto biológico, antropológico e psicológico) tendo sido aprovado em primeiro lugar, e no ginásio foi Catedrático de Psicologia, Lógica e História da Filosofia.
Em 1923 fez a Reforma no Ensino Normal do Estado no qual introduziu significativas mudanças, não só na estrutura organizacional como no funcionamento e com a incorporação de novos conteúdos e métodos modernos de ensino
Na Faculdade. de Medicina foi nomeado Professor. Catedrático de Clínica Psiquiátrica em 1920. Nos anos de 1924-26
Em 1938 foi nomeado professor Catedrático de Clínica Neurológica. Atuou ainda como professor. de Química e de Fisiologia.
Foi um dos fundadores e grande entusiasta da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste, fundando em 1938 a Revista Neurobiologia.
Foi em 1933 o terceiro médico a presidir O Sindicato dos Médicos de Pernambuco
Em 1934 juntamente com o seu. primo Gilberto Freyre organizou Congresso Afro-Brasileiro
O sociólogo no seu longo itinerário pelo Brasil em visita a Alagoas e Paraíba, a convite de estudantes desses Estados. lê na Faculdade de Direito de Alagoas conferência sobre Ulysses Pernambucano, publicada no ano seguinte. Aliás grande parte de Casa-Grande & Senzala, livro de estréia de Gilberto Freyre foi escrita na casa do psiquiatra Ulysses Pernambucano, seu primo, sobre quem escreveu memorial por ocasião da morte súbita, de Ulysses Pernambucano ocorrida no Rio, em dezembro de 1943
Na década de 30, Ulysses Pernambucano, então diretor do conhecido Hospital da Tamarineira', tinha um projeto chamado de Pensão Protegida, e não teve sucesso porque terminou preso pelas forças da ditadura de 1937. Gilberto Freyre, em discurso proferido na Câmara Federal, Rio de Janeiro, em 30 de setembro de 1950,denominado "Fé, esperança e caridade", num dos trechos do discurso relativa a opressão da ditadura, assim se referiu:....."dizia eu – que quis sufocar com sua polícia de capangas a voz do operário que clamasse por seus direitos, a voz do homem do povo que revelasse sua dor e sua fome, a voz do estudante que não traísse a sua mocidade para aceitar, ainda quase menino, emprego de espião policial contra os colegas e os mestres, a voz do jornalista, a voz do professor, a voz do médico independente como esse que se chamou Ulysses Pernambucano e foi o mais pernambucano dos pernambucanos. (Aplausos
O Jornal do Commercio Recife em edição de 10.11.99 noticiou. "Ainda bem que nem só de coisa ruim vive a imprensa. Uma notícia boa e que certamente vai amenizar o sofrimento de portadores de doença mental chega do Hospital Ulysses Pernambucano, na Tamarineira. Amanhã, inaugura-se ali o primeiro Lar Abrigado daquela unidade. É uma `casinha' onde passará a viver um grupo de sete deficientes mentais, sem qualquer vínculo social"
Em 1938 fundou a Revista Neurobiologia.
Foi um dos fundadores e grande entusiasta da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste
O Prof. Tácito Medeiros, presta significativa homenagem a Ulysses Pernambucano como uma demonstração de seu espírito pioneiro nas ciência psicológica (grifamos as palavras que julgamos interessantes para demonstrar o seu pioneirismo )
"Na direção da velha "Tamarineira", Ulysses Pernambucano assentava singular psiquiatria social, aberta aos conhecimentos biológicos e psicológicos, aos antropológicos e sociais, cuja estratégica importância ecoa nas atuais reformas da assistência aos doentes mentais no país. No burgo recifense, itinerário de invasores holandeses, berço de revoluções literárias e de saber jurídico, sede do primeiro parlamento e da primeira sinagoga das Américas, são obras de Ulysses o primeiro ambulatório psiquiátrico público, a primeira escola especial para deficientes mentais e o primeiro Instituto de Psicologia surgidos no Brasil. A Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste, depois tornada nacional, reuniu na década de trinta importantes congressos multiprofissionais em Natal, João Pessoa e Aracaju. Neurobiologia, revista a circular desde 1938, sintetiza em sua denominação os interesses e as luzes da Escola de Psiquiatria Social do Recife."
O antigo Hospício da Tamarineira chama-se agora Hospital Ulysses Pernambucano.
O escritor José Luís do Rego homenageou postumamente Ulysses, em artigo publicado em número especial da Revista Estudos Pernambucanos, atribuindo-lhe haver afugentado o terror que o nome da Tamarineira (árvore de estranhos e instigantes frutos do sertão nordestino) provocava à infância dos meninos de engenho e certamente das cidades, assim como de todo aquele mundo. A contribuição do Nordeste tem sido a de afugentar o asilo como abominado pouso da loucura.